terça-feira, 25 de outubro de 2011

" Só vivemos duas vezes ''

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Ao ler mais alguma páginas daquele livro, daquela história tão injusta e revoltante, comecei a chorar.

Conforme ia lendo a maneira como a protagonista da história ia descrevendo o Hospital onde estava, fez-me relembrar o dia em que também eu entrei lá. Por causa de Ti. Era o mesmo hospital. E da única vez que lá entrei, mal eu sabia que aquela seria uma das últimas vezes a ver-Te.

Recordo-me que era um espaço grande, demasiado branco, apenas com um apontamento azul, que eram as cadeiras. Era uma sala de espera que estava cheia. Havia pessoas a falarem, outras a chorarem, todas elas com um misto de sentimentos, que não me apercebi se era sentimento de injustiça, revolta, tristeza, cansaço. Não sei, não cheguei a compreender.
Ao fundo da sala, havia dois elevadores de portas cinzentas. E ao lado deles, uma espécie de corredor, de onde    saíam quase todos os pacientes, com uma cara de desânimo profundo.
Cheguei aquela sala, estava com a Mãe e com a Avó. Quando vi a Tia, fui logo ter com ela. Ainda era criança, não entendia muito bem porque razão estavas ali.
Depois de algum tempo de espera, a tentar decifrar todas as expressões que transpareciam naqueles rostos, olhei em frente e vi-Te. Estavas vestida com uma espécie de bata branca, e uma touca verde daquele (maldito) hospital. Vinhas com uma enfermeira ao lado.
Corri para Ti. Abracei-te. Os teus olhos brilhavam. Mas estavas fraca. Notava-se.
Não sabia a razão pela qual estaríamos ali. Hoje, já sei. Estavas a lutar contra a doença. Ias começar a fazer outra vez os tratamentos. Tiveste de lá ficar.
Foi das últimas vezes que Te vi. E mesmo que não estivesses muito bem, ou feliz, os teus olhos brilhavam como sempre, e estavas a sorrir.

Pergunto-me como é que pessoas como Tu, têm de sofrer dessa maneira (?) Não há motivo nenhum para isso.
Agora, tenho orgulho em Ti. Tenho orgulho em dizer que lutaste até ao fim, e que independentemente das situações que vivias tinhas sempre um sorriso na cara.
A verdade, é que Tu, és a pessoa que mais me dá (ou deu, como queiras) orgulho !

E hoje eu sei, sei que nunca mais quero voltar a entrar naquele espaço. Hospital de Oncologia de Lisboa. Nunca mais.

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